Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

11 março 2017

A NAVE E A TEMPESTADE

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no aposento precário
em que provisoriamente nos refugiamos
do incêndio que assolou nosso mundo,

aos poucos nos chegam falas
lançadas de um alaúde
no espaço, há quinhentos anos,

nos tomam nos braços e embalam
- e de repente o quarto é uma nave
que atravessa indiferente a tempestade

e no embalo nossas peles se encontram
e pedem socorro uma à outra,

negociam centímetro a centímetro
o apoio que damos ao outro
com força sempre crescente...

até que somos a nave
e a música, e a própria tempestade,

e, quando vemos, está cantando em nós
a Vida,

assegurando
que já estava aqui antes de tudo
e que haja o que houver
continuará.

avante, avante, marinheiros,
não há força
que possa nos parar!
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Acabo de redescobrir que numa madrugada de novembro de 2016 deixei escrito o seguinte poema, do que não me lembrei nem mesmo na manhã seguinte! "Feliz como una lombriz" com a redescoberta! (Ralf Rickli)
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