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Em artigo publicado dia 9 no portal desInformémonos, o jornalista e sociólogo Ignacio Ramonet elenca “7 propostas de Donald Trump que os grandes meios censuraram, e que explicam sua vitória” - não sem antes admitir que as declarações de Trump que a mídia colocou sob os holofotes constituem um “catálogo de asneiras horripilantes e detestáveis”.
Em artigo publicado dia 9 no portal desInformémonos, o jornalista e sociólogo Ignacio Ramonet elenca “7 propostas de Donald Trump que os grandes meios censuraram, e que explicam sua vitória” - não sem antes admitir que as declarações de Trump que a mídia colocou sob os holofotes constituem um “catálogo de asneiras horripilantes e detestáveis”.
Infelizmente
Ramonet gasta mais da metade de seu texto para relembrar o que todo mundo já
sabe - então eu (Ralf Rickli) me permito traduzir aqui, e isso condensando e adaptando um tanto, só os 7 pontos referidos no
título. Quem quiser pode consultar o texto original aqui.
1) Os
jornalistas não perdoam, em primeiro lugar, que Trump ataque de frente o poder midiático.
Reprovam que em seus comícios ele instigue o público a vaiar “a imprensa desonesta”.
Trump afirmou com frequência: “Não estou competindo contra Hillary Clinton,
estou competindo contra os meios de comunicação corruptos”. Também escreveu, em
um tweet pouco antes da eleição: “Se a mídia corrupta e nojenta me cobrissem de
forma honesta, sem injetar significados falsos nas minhas palavras, eu estaria
ganhando da Hillary por uns 20%”. Assim, em seus atos de campanha Trump não hesitou
em retirar as credenciais de veículos importantes como The Washington Post,
Politico, Huffington Post y BuzzFeed, e chegou mesmo a atacar a Fox News, a
grande rede da direita panfletária que lhe estava dando forte apoio.
2)
Trump denuncia a globalização econômica, convicto de que ela acabou com a
classe média. Diz que a economia globalizada está levando cada vez mais gente à
falência, lembrando que nos últimos 15 anos mais de 60 mil fábricas tiveram que
fechar as portas nos Estados Unidos, e desapareceram quase 5 milhões de
empregos industriais bem pagos.
3) Trump
é um protecionista ardoroso; propõe aumentar os impostos sobre todos os
produtos importados. Apoiador do Brexit (o abandono da União Europeia pelo
Reino Unido), declarou que tratará de retirar os EUA do NAFTA (Tratado de Livre
Comércio da América do Norte), bem como do TPP (Acordo Transpacífico de Parceria),
dizendo que este último seria um golpe mortal para a indústria manufatureira
estadunidense. Esta mensagem pegou fundo em regiões como o “cinturão da
ferrugem” do Noroeste, onde o fechamento e a mudança de fábricas deixaram altos
índices de desemprego.
4)
Também pegou fundo sua oposição aos enfoque neoliberais em matéria de seguridade
social. Muitos eleitores com mais de 65 anos, ou que foram vítimas da crise de
2008, dependem da aposentadoria da Social Security e do seguro de saúde do
Medicare, desenvolvido por Obama, que outros líderes republicanos desejam
extinguir. Trump prometeu não tocar nesses avanços sociais, baixar o preço dos
medicamentos, ajudar a resolver os problemas dos sem-teto, reformar a fiscalização
dos pequenos contribuintes e suprimir um imposto federal que afeta 73 milhões
de lares modestos.
5) Contra
a arrogância de Wall Street, Trump propõe aumentar significativamente os
impostos dos aplicadores em fundos Hedge que ganham fortunas, e apoia o restabelecimento
da Lei Glass-Steagall. Aprovada em 1933, em plena Grande Depressão, essas lei
separava os bancos tradicionais dos bancos de investimento, para evitar que os primeiros
pudessem fazer investimentos de alto risco. Obviamente, todo o sistema
financeiro se opõe de modo absoluto ao restabelecimento dessa medida.
6) Em
política internacional, Trump quer estabelecer uma aliança com a Rússia para
combater com eficácia o Estado Islâmico - ainda que para isso Washington tenha
que reconhecer a anexação da Crimeia por Moscou.
7) Trump
estima que, com sua enorme dívida soberana, os Estados Unidos já não dispõem
dos recursos necessários para conduzir uma política externa intervencionista
indiscriminada. Já não podem impor a paz a qualquer preço (sic). Em contradição
com vários caciques do seu partido, e como consequência lógica do final da
Guerra Fria, quer mudar a OTAN: “Não haverá nunca mais garantia de proteção
automática dos Estados Unidos para os países da OTAN”.
Todas
essas propostas não anulam as inaceitáveis, odiosas e às vezes nauseabundas
declarações de Trump difundidas pelos grandes meios com bumbos e pratos - mas não
deixam de explicar melhor o seu êxito.
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