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07 abril 2012

HOMOEROTISMO, 'EVANGÉLICOS' E A CONJUNTURA MUNDIAL ATUAL - um rápido olhar


Cientistas já constataram que quanto mais frequentes as relações homoeróticas em determinada espécie animal, mais pacífica é essa espécie em comparação com outras (como no contraste clássico entre os pacíficos bonobos e os internamente violentos chimpanzés).

Por que, então, o atual movimento evangélico faz ponto de honra da rejeição homossexualidade? Afinal, o cristianismo não almeja a paz?

Bom... aí depende de qual cristianismo, independente de qualquer palavra que Jesus tenha dito. Inclusive, na maior parte da história as vertentes pacifistas do cristianismo foram minoritárias, e frequentemente perseguidas.

No caso dos que atualmente chamam atenção no Brasil sob o nome “evangélicos”, é preciso antes de mais nada apontar que suas igrejas ou têm origem direta nos Estados Unidos, ou são aplicações nativas de programas teológicos estadunidenses.

E há algo que poucos sabem "do lado de fora": na maior parte dessas igrejas prega-se abertamente que é preciso que venha uma grande batalha física entre Israel e as demais nações. Para eles já está decidido que Israel vencerá, pois quando a batalha parecer perdida Jesus aparecerá nas nuvens, Israel admitirá que ele era o messias esperado, e aí Jesus garantirá a vitória, assumindo o poder do mundo como rei de um Israel cristianizado, e “regendo as nações com mão de ferro” (segundo palavras da Bíblia).

O objetivo maior dessas igrejas não é, portanto, a salvação da alma ou coisas afins, e sim apressar o estabelecimento do império terrestre de Jesus como rei de Israel da linhagem de Davi - este último de tanta importância simbólica por ter sido o primeiro e penúltimo rei a reunir os hebreus sob um poder único, estabelecido fisicamente sobre o Monte Sião, na então já multimilenar cidade de Jerusalém que ele acabara de conquistar pelas armas.

Nem é preciso dizer que essa crença agrada muitíssimo aos judeus sionistas, que com isso capitalizam o apoio da maioria evangélica estadunidense, e sabem muito bem que não precisam mencionar que depositam muito mais esperança nos poderes do átomo que no de um tal messias ressurreto.

E as duas crenças agradam muitíssimo às mais altas elites do capitalismo, que sabem que dependem da existência de grandes aparatos bélicos (armas e exércitos) para manter as multidões do mundo em estado de escravidão, ou no mínimo quietas quando não são necessárias.

De modo que esses missionários “evangélicos” que vêm se fazendo tão visíveis no Brasil, tanto na mídia convencional quanto na internet, são todos ou cúmplices ou inocentes úteis nas mãos dos poderes de sombra que hoje governam dos bastidores os EUA e um bocado mais do mundo

... poderes esses que dependem fundamentalmente de que o mundo esteja num estado de guerra permanente, visível como ou não tal.

E isso a ver com a homossexualidade?

Bom, não começamos por dizer que cientistas têm constatado que, no mundo animal, quanto mais frequente o erotismo homossexual mais pacífica a espécie?

Ou... sejamos mais precisos: quanto maior o papel do erotismo em geral na espécie - o qual, quanto mais livremente se manifesta, menos restringe sua face homossexual - mais inclinada a espécie é a encontrar soluções não violentas para seus conflitos. 

Ou quem sabe possamos dizer: essas já perceberam que o prazer concedido mutuamente relativiza as diferenças, e que afinal uma boa trepada é bem mais agradável que uma briga.

Daí que a esquerda gay italiana dos anos 70 talvez não delirasse tanto quando marchava ao som das palavras de ordem il coito / anale / abbatte il capitale (“o coito / anal / derruba o capital”) - embora eu pessoalmente nem ache que esse dom seja exclusivo dessa forma específica do erotismo!

Mas sobretudo dá para entender que qualquer coisa que apresente um bom potencial de pacificação seja execrada pelos ideólogos da guerra e seus servidores conscientes ou inconscientes -

... servidores da guerra que podem até ser judeo-cristãos (ou seja: idealizadores de um ungido da tribo de Judá, seja ele qual for), mas jamais seguidores do Jesus que transparece no que se considera sua mais longa fala preservada, o Sermão da Montanha, no qual se lê, entre outras coisas:

  • Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus;
  • Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados;
  • Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.


(Casualmente ou não, escrito na Páscoa de 2012)

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