Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

19 junho 2008

Importa mais o CONCRETO ou o CONVÍVIO? (& outras breves)

Os amigos mais intelectualizados podem torcer o nariz: "O sujeito descambou de vez... Dando atenção a livros de auto-ajuda, agora..."
 
Eu vos direi no entanto (rsrs - alguém ainda lembra do soneto mais famoso do um dia famoso Bilac?) que, desfeitas as malhas de pompa verbal de que vem recoberta, grande parte da mais 'profunda' Filosofia e Psicologia acadêmicas não chega a um décimo da profundidade e da relevância de muito livro de auto-ajuda...  (Ops, eu não falei que TUDO é assim - nem de um lado, nem do outro!!!)
 
Tá, o texto abaixo é do rabino estadunidense Harold Kushner - o mesmo que escreveu Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas -, e me chamou atenção não apenas por estabelecer contraste entre "realizações profissionais, carreira etc." e "relações humanas pessoais"... mas também pelo desafio que representa à opção atual pelos encontros humanos relâmpago, sem nenhuma formação de vínculo.
 
Bom, deixa o Harold falar:

Num dia de verão eu estava na praia e espiava duas crianças brincando na areia. Trabalhavam muito, construindo um complicado castelo de areia molhada, com torres e passarelas, ameias e passagens internas.
 
Quando estavam perto do final do projeto, veio uma enorme onda e destruiu tudo, reduzindo o castelo a um monte de areia e espuma.
 
Achei que as crianças iam cair no choro, depois de tanto esforço e cuidado - mas tive uma surpresa: em vez de chorar, correram para a praia fugindo da água, de mãos dadas, rindo, e começaram a construir outro castelo.
 
Compreendi que havia recebido uma lição importante. Tudo em nossas vidas, todas as complexas estruturas que gastam tanto do nosso tempo e da nossa energia para serem construídas, é tudo feito de areia. Só o que permanece é o nosso relacionamento com outras pessoas.
 
Mais tarde ou mais cedo, a onda virá e destruirá o que levamos tanto tempo para construir. Quando isto acontecer, somente aquele que tem as mãos de alguém para segurar será capaz de rir.
 
Harold Kushner, Quando tudo não é o bastante, cap. 9
São Paulo: Nobel, 1999
Chamada no UOL para matéria na revista Poder:
 
"Ele trocou o 'hi-society' pelo crime. O nome dele é Lívio"
 
Como "trocou", se é a mesma coisa? Apenas abriu mão dos cenários que resguardam a vista da verdadeira natureza das estruturas de sustentação das 'hi-societies'.
 
Ou, se preferirem, decaiu para uma forma menos refinada e provavelmente menos criminosa de crime.
 
(Se alguém quiser ver a matéria, que eu mesmo não achei que vale muito a pena, está em http://revistapoder.uol.com.br/p4/materia2.html ).

16 junho 2008

Fw: FÁCIL, RÁPIDO e URGENTE: uma significativa contribuição SUA aos Direitos Humanos

Você considera dignos de discriminação e perseguição
... artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo?

... compositores como Schumann, Ravel, Tchaicóvski, Saint-Saëns?
... filósofos como Sócrates e Wittgenstein?
... um economista defensor dos direitos sociais como Keynes?
... escritores como Fernando Pessoa, Shakespeare,
Mário de Andrade, García Lorca, Virginia Woolf?

Quer dizer: não é preciso que você mesmo se enquadre
em nenhuma das letras LGBT
(lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros)
para entender que é uma violência inadmissível à dignidade humana geral discriminar e agredir a parcela da humanidade que, por sua natureza, se liga amorosamente a pessoas do mesmo sexo.

Desde a Independência (1822) o Brasil foi pioneiro em não ter nenhuma lei considerando crime nem a orientação nem os atos homossexuais. Mas por outro lado, também não teve nenhuma lei que defendesse essa parcela tão significativa da população do terrível preconceito e violência difusos na sociedade.

Agora está para ser votado no Senado um avançado Projeto de Lei Complementar que assume ativamente a proteção dessa parcela da população: o PLC 122/2006, o projeto da Lei Anti-Homofobia.

Acontece que Senado mantém uma linha telefônica gratuita ( 0800-61-2211 ) para coletar opiniões da população. E de dezembro a maio o Alô Senado ele recebeu 36 mil chamadas sobre o PLC 122/2006 - mas dessas 80% (oitenta por cento) foram contrárias.

Rejeição social geral? De jeito nenhum: mostrou-se que são grupos religiosos conservadores que vêm orientando seus seguidores a telefonarem e registrar seu parecer contrário. Talvez com boas intenções, mas profundamente equivocados.

E nós, cidadãos pensantes livres, vamos deixar que esses grupos se utilizem da liberdade que a sociedade lhes concede para destruir liberdades de outros?

Você não precisa se enquadrar na sigla LGBT, basta ser S de Solidári@, para colaborar ligando sem custos para 0800-61-2211 (de segunda a sexta até as 20 h), informar apenas seu CPF, e declarar "quero pedir aos senadores do meu Estado que votem a favor do PLC 122/2006".
E o mesmo vale para passar adiante esta mensagem.

Obs.: quanto ao equívoco que é os religiosos pensarem que devem ser contra a Lei Anti-Homofobia, se você quiser há um material útil à disposição em http://amorygual.tropis.org/manifest-pt.html : o Manifesto 'O Desafio dos Cristãos Homossexuais', de 1999.

ESCLARECIMENTO: esta mensagem está sendo enviada uma vez a à lista geral de amigos do Movimento Trópis. Se você tiver interesse em participar de uma lista da Trópis específica sobre temas LGBT - para troca de informações e idéias em amizade, respeito e confiança recíprocos - você pode solicitar sua inscrição mandando um e-mail sem texto e sem linha de assunto para amygnews-subscribe@googlegroups.com .

13 junho 2008

Oficinas & Debates, 14 a 21/06 . RETIFICANDO e ampliando

 

Levando em conta algumas atividades no vizinho Centro Cultural Monte Azul que terão participação de membros da Trópis, cabe
retificar & ampliar o convite divulgado em 12/06:
 
Sábado 14/0610 às 13 hCENTRO CULTURAL MONTE AZUL
  Primeiro encontro da OFICINA DE PRODUÇÃO CULTURAL com Graça Cremon (a se estender por 8 sábados)
  Sem custo para os participantes • Inscrições 5851-5370 com Jefferson ou Cido
 
Sábado 14/06 • 14:30 às 16:30 BIBLIOTECA TRÓPIS
  Oficina ARTES & MANHAS DO ESCREVER, com Ralf Rickli
  Inscrições 8552-4506 com Ralf, ou respondendo este e-mail
 
Domingo 15/06 • 17 h BIBLIOTECA TRÓPIS
  Bate-papo com Nabil Bonduki, criador do Programa VAI (Valorização da Iniciativa Cultural),
  Superintendente de Habitação na gestão Luíza Erundina, pré-candidato a vereador em 2008
 
Sábado 21/0617 às 23 hCENTRO CULTURAL MONTE AZUL
  Evento HOMOSSEXUALIDADE EM DEBATE • mediação de Gil Marçal e Cido Cândido
  17 h: FILME  •  21 h: PEÇA TEATRAL
  19 h: CHÁ COM BATE-PAPO (Ralf Rickli trará breve contribuição ao tema A Diversidade Sexual na Educação)
  
Biblioteca TrópisCasa 114
Rua Manoel Bragança 114 • fone 8552-4506
próximo ao  Colégio Renato Braga
 
Centro Cultural Monte Azul
Av. Thomás de Sousa 552 • fone 5851-5370
 
Ambos próximos ao
Terminal João Dias / Metrô Giovanni Gronchi (linha lilás)
 
 
A PERIFERIA É O CENTRO
-  CADA VEZ MAIS !  -
 
 

11 junho 2008

NÃO a que nosso país se 'desenvolva' ao custo de sangue e mutilações mundo afora!

NÃO a que nosso país se 'desenvolva'
ao custo de sangue e mutilações mundo afora!
 
- a primeira GRANDE pisada de bola do governo Lula, na
avaliação deste que vos fala -
 
Faço questão de começar deixando claro que em quase tudo tenho sido um defensor do governo Lula - e não por simpatias ou antipatias pessoais levianas:
 
... quem me conhece de perto sabe que pouca gente tem o conhecimento e sobretudo o golpe-de-vista histórico que eu tenho, capaz de identificar grandes linhas e padrões em escala de séculos ou milênios, com o que se torna possível interpretar opções políticas de um modo muito diferente do que quando se tem uma perspectiva mais curta. E com isso tenho quase sempre avaliado que as opções de Lula, mesmo quando desagradáveis no curto prazo quer para a direita, quer para a esquerda, têm sido estrategicamente as melhores possíveis nessa dimensão histórica.
 
Mesmo quando minhas posições pessoais são mais radicais, acho que de modo geral o governo tem feito o que um governo teria mesmo que fazer (e o sinal de que o faz é geralmente que descontenta a todos), adequadamente não tentando tocar certas notas da sinfonia que cabem de fato aos movimentos sociais, e não a um governo.
 
Dentro disso tudo, admito ainda que uma coisa tem me incomodado bastante: a falta de uma ação enérgica pela redução da jornada de trabalho individual e contra o sistemático uso abusivo de horas extras (ação com que se avançaria passos na redução do desemprego, na distribuição de renda e sobretudo na qualidade de vida do trabalhador, incluindo aí saúde e educação). Mesmo aqui, porém, posso admitir tal questão possa ser adiada por um pouco, devido à prioridade estratégica de algumas outras.
 
Mas desta vez eu não consigo ver NENHUMA possibilidade de desculpa. Consigo até ver caráter revolucionário, e não imoralidade, em certos atos que têm sido classificados como de corrupção ativa. Mas aqui eu não consigo ver NADA que possa desculpar.
 
Falo da recusa brasileira em participar do tratado pela eliminação das bombas cluster, que vêm deixando legiões de crianças mutiladas mundo afora, seguida ainda por cima da autorização de venda de aviões da Embraer à empresa americana Blackwater, especializada a fazer em caráter mercenário trabalhos sujos demais para os exércitos oficiais. LEIAM OS DETALHES NO ARTIGO REPRODUZIDO ABAIXO, ASSINADO POR LÍDERES DO INSTITUTO SOU DA PAZ.
 
Não sei se sinto mais vergonha ou mais tristeza, mais tristeza ou mais vergonha. Um sentimento comparável ao de quando o governo FHC mandou o exército em cima dos índios em plena festividade dos 500 anos de "descobrimento", e de quando o Brasil colaborou enviando especialistas em tortura a outras ditaduras do Cone Sul.
 
Será que uma grita via internet pode conseguir alguma coisa neste caso?  E como formular as coisas para não acabar atuando como "fogo amigo" que na real acaba beneficiando inimigos?  Quem sabe alguma coisa como as linhas logo abaixo?...  Não sei.  Mas por enquanto insisto em que é preciso estar informado a respeito, e o artigo do Daniel Mack e do Denis Mizne está aí para isso.

NÃO a que nosso país se 'desenvolva' ao custo de sangue e mutilações mundo afora!
 
Pela adesão imediata do Brasil ao banimento internacional das bombas 'cluster'
 
Pela interdição imediata da venda de artefatos bélicos brasileiros a agentes de opressão e exploração



São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Quem te viu e quem te vê, Itamaraty

DANIEL MACK e DENIS MIZNE

O Itamaraty, por duas vezes nos últimos dias, fez o Brasil passar vergonha em temas ligados a armamentos

O MINISTÉRIO das Relações Exteriores brasileiro definitivamente teve uma semana para esquecer. Reconhecido internacionalmente por seus pares como um dos quadros diplomáticos mais profissionais do mundo, o Itamaraty, por duas vezes nos últimos dias, fez o Brasil passar vergonha em temas ligados a armamentos.

No dia 30/5, sexta-feira, a diplomacia brasileira esteve ausente -como tem sido praxe no processo- no desfecho histórico do que foi considerado o "mais importante tratado de desarmamento" dos últimos dez anos.
Lamentavelmente, o Brasil não estava entre os 111 países que se reuniram em Dublin (Irlanda) para determinar o total banimento das bombas "cluster", armamento moral e tecnologicamente obsoleto considerado o grande vilão humanitário de todos os conflitos em que foi utilizado.

Na sua ausência, o Brasil escolheu ficar ao lado de Estados Unidos, Rússia, China, Israel e Paquistão, em vez de apoiar seus tradicionais aliados regionais, como Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e México.

O Brasil produz, exporta e estoca bombas "cluster", que, além de atingirem áreas de até quatro campos de futebol quando arremessadas, muitas vezes falham ao tocar o solo e tornam-se pequenas minas terrestres à espera de uma criança que as detone sem intenção e sofra morte ou mutilação.

Apenas dois dias depois, lemos reportagem no "Estado de S. Paulo" afirmando que o Itamaraty e o Ministério da Defesa teriam permitido a exportação de uma aeronave Super Tucano da Embraer para uma subsidiária da empresa norte-americana Blackwater, conhecida como o maior exército mercenário do mundo e sob investigação do Congresso dos Estados Unidos por supostas graves violações cometidas nas suas atividades na Guerra do Iraque.

A notícia foi confirmada por executivos da Embraer e da Blackwater, mas não mereceu nenhum comentário oficial do Itamaraty e da Defesa -instâncias responsáveis por liberar as exportações bélicas do país-, após meses de negativas sobre o negócio.

É especialmente incompreensível que o Brasil viesse a armar uma empresa que participa ativamente de uma guerra que nosso governo repudiou fortemente, usando de posições diplomáticas e retóricas das mais contundentes para reiterar sua oposição à ação dos EUA no Iraque.

Onde fica o princípio de não-intervenção, tão caro à nossa diplomacia?

Vende-se a liderança moral do país na região -suposto pilar da política externa brasileira- pela bagatela de US$ 4,5 milhões, valor do contrato com a Blackwater?

Se confirmada, tal exportação é imoral e irresponsável, mesmo que venha a ser tecnicamente legal (sobre o que há dúvidas). É exatamente esse tipo de exportação que a sociedade civil organizada ao redor do mundo tem lutado para evitar quando apóia na ONU o Tratado de Controle do Comércio de Armas (ATT, na sigla em inglês), que não permite exportações bélicas que serão usadas contra civis ou em conflitos deflagrados.

O ATT é um mecanismo imprescindível para impedir que transferências irresponsáveis de armas alimentem os conflitos, a pobreza e as violações graves dos direitos humanos em todo o mundo.

No caso das bombas "cluster", ao Brasil resta fazer um mea-culpa e concluir que o mercado de exportação internacional para o armamento está em via de extinção, que o argumento diplomático do "fórum inadequado" caducou com a aceitação quase universal de processo alternativo (como foi no caso das minas terrestres) e abandonar o frágil argumento militar de "dissuasão estratégica" (será que o Paraguai vai invadir o Brasil se o país não tiver bombas "cluster"?).

O Brasil pode assinar o tratado em dezembro, em Oslo (Noruega).

Quanto à exportação da aeronave da Embraer, esperamos urgentemente algum tipo de explicação para tão controvertida decisão, mesmo temendo que não exista uma que seja minimamente razoável.

Que a proteção e a venda de armamento sejam as prioridades do Ministério da Defesa (e das indústrias bélicas brasileiras), vá lá. Mas o Itamaraty, a cara do Brasil frente ao mundo, não pode ficar completamente prostrado, permitindo que interesses comerciais e militares determinem as posições de nossa renomada diplomacia em temas de tal importância.


DENIS MIZNE, 32, advogado e "world fellow" da Universidade Yale (EUA), é diretor-executivo do Instituto Sou da Paz.
DANIEL MACK, 33, mestre em relações internacionais pela Universidade Georgetown (EUA), é coordenador da área de controle de armas do Instituto Sou da Paz.

06 junho 2008

Fw: estudo mostra a INVIABILIDADE ECOLÓGICA DE SER RICO também no Brasil

(pensando aqui nas conseqüências para a educação)
 
Pode-se ver no artigo abaixo, com todas as letras, a razão pela qual não podemos vender o ideal de "sucesso", como entendido hoje, na educação das classes populares.
 
Ao contrário, no Brasil o ato educativo revolucionário por excelência seria educar urgentemente as classes opulentas no sentido de aceitarem empobrecer. E isto não é piada!
 
Claro que para isto é preciso entender a diferença entre "pobreza" e "miséria". O Planeta Terra é capaz de oferecer uma pobreza digna a todos os seus habitantes - ou, no dizer de Maurice Strong, uma "modéstia sofisticada".
 
O que é impossível é gerar riqueza supérflua ou de reserva para um, sem gerar do outro lado tanto miséria para muitos quanto desastres ambientais.
 
Será então que nossa responsabilidade como educadores é pouca?...
 
Abraços,
Ralf
 
São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

Elite brasileira é ecologicamente inviável

Impacto de classes A e B sobre o ambiente no país é comparável ao dos EUA, mostra estudo de ONG

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a organização não-governamental WWF-Brasil divulgou pesquisa em que alerta: se toda a população mundial adotasse padrão de consumo semelhante ao das classes A e B brasileiras, seriam necessários três planetas para suprir todos os recursos utilizados.
De acordo com a pesquisa, a elite brasileira tem hábitos insustentáveis ambientalmente e exercem uma má influência ao servir como modelo de aspiração de consumo para as classes emergentes. "Afinal, todos querem ter e consumir como as classes A e B", afirma Irineu Tamaio, coordenador do programa Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF.
Intitulado "Tendências e Hábitos do Consumo dos Brasileiros", o trabalho, realizado em parceria com o Ibope, tem o objetivo de despertar a sociedade e fazê-la pensar em mudanças nos hábitos e padrões de consumo, afirma o WWF.
O Ibope realizou a pesquisa em 142 municípios de todas as unidades da Federação, no período entre os dias 13 e 18 de maio. Foram entrevistadas 2.002 pessoas. A margem de erro, segundo o instituto, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Carro e banho
Uma parcela de 13% dos entrevistados diz que o carro é o único meio de transporte. E as classes A e B gastam mais tempo no banho, também -mais de 20 minutos, para 13%, segundo o levantamento do WWF. Samuel Barreto, coordenador do programa Água para a Vida do WWF, afirma que, se esse tempo fosse reduzido pela metade, poderia ser economizada água suficiente para abastecer, por um dia, uma cidade com mais de seis milhões de habitantes (o município de São Paulo tem 11 milhões).
"Isso, em uma projeção baixa, com um gasto por minuto de três litros de água por pessoa", disse. A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda que cada habitante use 200 litros de água para higiene pessoal, o que não inclui apenas o banho. "As ações individuais, se comparadas em escala, têm impacto ambiental muito grande", completou.
O WWF, contudo, fez questão de ressaltar que não é contra o consumo em si, que ajuda a aquecer a economia. "É preciso mudar o hábito. A informação é muito importante, pois pequenas mudanças são essenciais para se chegar a um padrão sustentável", afirmou Denise Hamú, secretária-geral da organização.
Segundo ela, é preciso investir nas mudanças dos hábitos da população, principalmente quando se analisa padrão de consumo -cada vez mais crescente- dos quatro principais países emergentes: Brasil, China, Rússia e Índia.
"Se continuarmos com esse modelo, chegaremos ao colapso", resumiu Irineu Tamaio.
Se toda a população mundial consumisse como a média dos cidadãos dos Estados Unidos, país que mais consome e que ocupa o topo da lista de nações insustentáveis do ponto de vista do consumo, seriam necessários cinco planetas. Os EUA são, de longe, o maior emissor per capita de gases do efeito estufa. Em contrapartida, se todos adotassem o padrão da Somália, na África, sobrariam recursos naturais e não seria necessário nem ao menos um planeta -o índice seria de 0,22.

 

04 junho 2008

Fw: reflexões do Prof. Alípio Sousa Filho sobre a perseguição aos 2 sargentos parceiros de vida

Recebi e faço questão de colocar à disposição aqui no blog.
 
Me faz pensar em o quanto os gregos eram mais espertos do que nós: consideravam que pessoas que se amam lutariam com garra incomparável umas pelas outras, e por isso formaram o Batalhão Sagrado de Tebas, formado só de pares de companheiros, o qual foi por muito tempo considerado invencível...
 
Será que tem algum jeito de mandar os oficiais brasileiros irem fazer estágio na Grécia antiga? :-)
 
Bricadeiras à parte, o assunto é sério. Está na hora de a sociedade brasileira inteira parar de tolerar qualquer ninho de preconceito e opressão dentro de si.
 
(A importância suprema disso é, a propósito, o grande tema do nosso artigo Liberdade socialmente sustentável, cujo link foi postado aqui domingo último, 01.06.2008).
 
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HOMOFOBIA NO EXÉRCITO

Alípio de Sousa Filho

Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN

Editor da Revista Bagoas: estudos gays - gêneros e sexualidades

 

            A matéria de capa da revista Época do domingo 1 de junho, com a história do casal Laci Araújo Marinho e Fernando Alcântara de Figueiredo, sargentos do Exército nacional – o primeiro é norteriograndense e o segundo é pernambucano –, relata o que é sabido: nas forças armadas de nossos diversos países, existem gays e lésbicas e estes podem ser tão bons e importantes profissionais como aqueles que se declaram heterossexuais (sim, os heterossexuais se declaram como tais a todo momento. Ninguém estranha, tornou-se natural: contam suas histórias de amor, beijam-se e andam de mãos dadas em público, aparecem em cenas de afeto e sexo em filmes, novelas etc. Toda a esfera pública é dominada por sua heterossexualização. É a dita normalidade!). A reportagem da revista revela também que os militares gays estão casados há mais de sete anos e que os dois se querem, amam-se. Mas a matéria revela igualmente, embora com poucos detalhes, a perseguição praticada contra os dois pelo comando do Exército, através da ação homofóbica de alguns de seus superiores no comando da 11ª Região Militar. Perseguição que inclui a prisão hoje, 4 de junho, do sargento Laci Araújo, após entrevista a programa de TV. Na saída do estúdio em que dava entrevista ao vivo, ao lado de seu companheiro, foi cercado por soldados do Exército com mandado de sua prisão. 

            Matérias que circulam na imprensa de Brasília dão conta que o sargento Laci Araújo é perseguido em razão de sua atividade como artista, pois, além de sargento do Exército nacional, ele fazia cover da cantora Cássia Eller em shows na capital federal. Seus shows tornaram-se sucesso. O fato irritou comandos que não aceitam ter no Exército um militar gay que se assume como tal e que desenvolve atividade artística imitando ícone da cultura gay. Os comandos do Exército (como, de resto, toda a sociedade) preferem a invisibilidade dos homossexuais. De fato, o que socialmente incomoda é a visibilidade da existência gay, a conquista e a afirmação de direitos, o reconhecimento social e político. Enquanto permanece no silêncio e na invisibilidade, a homossexualidade é admitida, embora cercada de preconceito.

            O Ministério Público recebeu denúncia, oferecida pela mãe do sargento, que acusa o Exército de preconceito e discriminação. Conforme a imprensa, entre as provas apresentadas pela mãe, estão conversas gravadas em que um general homofóbico acusa o sargento Laci Araújo de ser um traidor, pois, segundo acredita o general, o Exército não pode ter em suas fileiras quem põe em dúvida a suposta masculinidade verde-oliva. Na mesma gravação, o general expressa seu desejo de castigar o sargento com sua prisão e transferi-lo para o Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que exprime seu desejo de separá-lo de seu companheiro, o sargento Fernando, transferindo-o para o Rio Grande do Sul. O caso está na Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.

            Toda a pressão psicológica sofrida pelo sargento Laci Araújo o adoeceu. Hoje, ele é portador de síndromes que certamente não deixam de ter relação com o sofrimento que experimenta. À repressão a que foi submetido no Exército some-se a angústia que guardou por muito tempo, produzida pela violência do silêncio a que gays e lésbicas são submetidos. O que, todavia, é mais perverso é a tentativa do preconceito de tornar controvertido um caso que nada tem de controverso. Temos aí um caso de perseguição por homossexualidade e todo o resto é pura desculpa homofóbica. O caso é claro: ódio contra aqueles que não se deixam tornar reféns do preconceito. Ódio contra aqueles que, felizes, não vivem sua sexualidade com culpa, vergonha, medo e alienação.

Não vamos deixar que nosso Laci Araújo torne-se um novo Genildo Ferreira de França, também soldado do Exército, que, em 1997, sob a pressão do preconceito por ser gay, matou 15 pessoas em São Gonçalo do Amarante, matando-se em seguida. Não vamos deixar que nosso bravo sargento Laci Araújo torne-se um novo Oscar Wilde, poeta e escritor, que, em 25 de maio de 1895, na Inglaterra, foi condenado a dois anos de prisão com trabalhos forçados pelo crime de amar um rapaz. Todos nós, homossexuais ou não, devemos combater o preconceito e suas atrocidades. Não há mais desculpas para ninguém ficar de fora desse combate. O Brasil não pode mais continuar admitindo violências como as que agora são submetidos os sargentos Laci Araújo e Fernando Alcântara. Condenações por homossexualidade nunca mais! O preconceito ignorante e a homofobia é que merecem condenação!

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02 junho 2008

Nova introdução à FILOSOFIA DO CONVÍVIO disponível na net (35 pp)

Amigos caríssimos -
 
Muitos de vocês sabem que desde de 2003 luto para produzir um volume abrangente e consistente sobre a Filosofia do Convívio (ou Pluralismo Radical), que avalio como o trabalho mais importante da minha vida - se é que há nela algum outro importante.
 
Pois bem, eu ainda NÃO terminei o livro... e nem tenho previsão :-)  Mas resolvi aproveitar um material desenvolvido em fevereiro para uma apresentação na formação interna dos educadores da Fábrica de Criatividade, e fazer disso um trabalho de meio fôlego que sirva como uma introdução consideravelmente consistente ao tema. E agora tenho a satisfação de comunicar que acabo de colocar esse material, de 35 páginas A4, à disposição na net para download:
 
               LIBERDADE SOCIALMENTE SUSTENTÁVEL: 
            uma introdução à Filosofia do Convívio e a algumas de suas aplicações
          doc aberto (316 KB): http://www.tropis.org/biblioteca/libsocsus.doc
          doc zipado (115 KB): http://www.tropis.org/biblioteca/libsocsus.zip 
 
Mas é claro que sei que dá uma baita preguiça de fazer um download só para dar uma espiadinha...  Então facilito um pouco a vida dos possíveis interessados transcrevendo abaixo o "esqueleto", ou  relação dos títulos dos capítulos.
 
No mais, terei o maior prazer em conversar sobre o assunto com quem se interessar!
Grande abraço a tod@s,
 
"Zé Ralf"
 

LIBERDADE SOCIALMENTE SUSTENTÁVEL

uma introdução à Filosofia do Convívio
e a algumas de suas aplicações

Seção 1. A QUESTÃO E A ABORDAGEM

1.1. O pós-moderno e o pós-pós-moderno:
um primeiro olhar para o âmago da questão

1.2. Quem inventou o Pluralismo Absoluto? (E isso importa?)

1.2.1. Uma digressão oportuna: confiança em autoridade intelectual
e simulacro de conhecimento

1.3. Pluralismo Radical e Convivialismo  - breve histórico e "parentes"

1.3.1.  A importância filosófica e política do vínculo com a "Vertente do Pacífico"

1.4. Minimalismo: o método "menos é mais"

1.5. O zôon politikón e seu inferno

Seção 2. O CERNE DA PROPOSTA

2.1. Uma rara concordância humana universal

2.1.1. Duas proposições da voz geral...

2.1.2 - ... e duas constatações fundamentais sobre essas duas proposições

2.1.2. O possível e o impossível (lições de uma oração)

2.1.3. O problema que é a solução

2.2. O conceito de Convívio e seus campos de aplicação

2.3. Introdução à idéia de um Estatuto Fundamental da Humanidade

2.3.1. Uma multiplicidade só: a das regras e a das transgressões

2.3.2. A mãe de todas as violências

2.3.3. Liberdade como dignidade

2.3.4. Cedendo um pouco para ganhar muito

2.3.5. O problema da fiscalização dos fiscais

2.3.6. Complexificante I: NATUREZA

2.3.7. Complexificante II: CRIANÇAS

2.4. Minuta para um Estatuto Fundamental da Humanidade em 4 seções

Seção 3. GRUPOCENTRISMO E DISCRIMINAÇÕES:
o pensamento convivial aplicado a algumas questões práticas
(sobretudo de interesse pedagógico)

3.0. Motivos de discriminação: resultados de uma pesquisa informal

3.1. O retorno do reprimido: violência reativa, perversão sexual etc.

3.2. Etnocentrismo, grupocentrismo

3.3. Religião, fé e propaganda

3.4. Diversidade sexual

3.4.1. Um pouco de terminologia

3.4.2. A homofobia como questão pedagógica

3.4.3. A presença estatística além das primeiras aparências

3.4.4. A possibilidade real de uma sociedade não discriminadora

3.4.5. Duas palavras sobre diversidade sexual e religião

3.5. Quantos preconceitos se pode tolerar?

Seção 4. O NÍVEL COSMOLÓGICO:
O CONVÍVIO COMO CONSTITUINTE DA REALIDADE